O Inverno
(De Alceu)

Júpiter chove, pelo céu se enturva
Fremente o ar:
Túrgidas crescem as torrentes grossas
Da água a jorrar.
Frígido Inverno! morra nas fogueiras
Do roxo lar.
Corra-nos vinho, franco, de mão larga,
Vamos, virar!
Beba-se, e já; porque a luz havemos
Ainda esperar?
Rápido é e dia, lentos são pesares,
Maus de acabar:
Deu-no-lo, e vinho, de Sêmele o filho
Para os matar.
Válidos copos, um a um, cá dentro
Se vão juntar:
E áspera luta travam na cabeça,
Que hão de quebrar.
Água?... mostrar-lha: duas vezes vinho
A tresdobrar!