Ramo de cipreste

(À Excelentíssima Senhora D. Ana Leite de Teive)

A esta frente desbotada
De angústias e dissabores
Não cabe o louro da glória
Hera as rosas dos amores:
A triste fado votada,
Sem renome, sem memória,
Nem terá piedosas flores
Sobre a campa abandonada.
Sei que do negro cipreste
Só me toca a palma obscura...
Mas nem essa rama escura
Que por tuas mãos colheste,
Nem essa quis a ventura
Que me viesse coroar...
Tão cruel é minha estrela
Tão funesto é meu pesar.
À mão inocente e bela
Que o triste ramo colheu,
Por mui alto para meu,
Volta pois o dom fatal:
Mas fica, esse sim, o agoiro
Que profetiza o meu mal.
– Oh! quando faminta espada
Ou sibilante pelouro
Houver enfim terminada
A amarga, penosa vida...
Ao menos – se, assim pedida,
Mercê tal é de outorgar –
Desses teus olhos divinos
Uma lágrima sentida
Venha piedosa os destinos
Do proscrito vate honrar.