Glícera
(De Horácio)

Manda a mãe dos amores,
Da tebana Sêmele ordena e filho,
E a lasciva licença,
Que a já findes amores volva o ânimo.
De Glícera que brilha
Mais pura do que e mármore de Pares
A nitidez me inflama:
Grato me inflama o garbo desenvolto,
E aquele gesto lindo,
Tão tentador, tão lúbrico de ver-se.
Chipre desamparando,
Vem toda, Vênus sobre mim de golpe:
Nem já cantar de Citas,
Nem do Parto esforçado e cavaleiro,
Que no corcel voltado,
Fugindo e pelejando, se retira...
Nada que seu não seja.
Nada já me consente. – Aqui, mancebos,
Trazei-me aqui verbenas,
E ponde-me em altar de touças vivas
Taças de vinho, incensos:
Que a vítima será depois mais branda.