Grinalda

Date lilia.

Virgílio

Andei pelo prado vagando, vagando
Em busca da flor
Que aqui hei de pôr.
Grinalda tão bela, que se vai trançando
Com tanto primor,
Que flor lhe hei de eu pôr?

Vou-me à borboleta, que nesses vergéis
Anda a namorar,
Vou-lho perguntar...
Não: hei de ir à abelha que mais sábias leis
Tem no seu gostar;
Ir-lho-ei perguntar.

Mas a borboleta é doida, coitada,
Não sabe das flores
Senão viço e cores;
E a pobre da abelha, sempre carregada,
Não vê no vergel
Senão o seu mel.

E eu nesta flor quero da rosa a beleza,
Do lírio a candura,
Do nardo a doçura...
Diz-me o coração que nem natureza
Fez tal formosura,
Nem arte ou cultura.

Mas também me diz – e eu creio – eh! que sim...
Que o jardim de amor
Produz a tal flor.
Mancebos, correi, correi lá por mim:
O que achar a flor,
Que a venha aqui pôr.