O Juramento

(Canto patriótico)

Posuisti nos opprobrium vicinis nostris...
Exurge, quaere obdormis Domine?
Salmos XLIII

I

Deus, que ouviste o juramento
Do teu Povo lusitano,
Oh Rei dos reis soberano,
Ouve-o, que a ti vem bradar!
Nós juramos: santa jura
Que ninguém fará quebrar.

II

Nossas armas humilhadas
Que abandonou a vitória,
Estes pendões já sem glória
Depomos no teu altar.
Mas juramento que dêmos
Ninguém nos fara quebrar.

III

Já tua mão onipotente
Sobre nós luz com a esperança,
Já vem o íris da bonança
No horizonte a raiar.
Juramento que lhe dêmos
Ninguém nos fara quebrar,

IV

Do nosso libertador,
De dois mundos maravilha,
Eis do grande Pedro a filha
Que sobre nós vem reinar.
Juramento que lhe dêmos
Ninguém nos fara quebrar;

V

Nas tenras, ungidas mãos
A paterna majestade
Pôs a nossa liberdade
Com o próprio cetro a guardar.
Juramento que lhe demos
Ninguém nos fara quebrar.

VI

Nós, invocando o seu nome,
E o teu nome, ó Deus de Ourique,
Do filho do grande Henrique
O pendão vamos hastear:
Juramos — e o juramento
Ninguém nos fara quebrar.

VII

São também teus inimigos
Os crus inimigos seus,
Que renegaram de Deus
Antes de a pátria negar.
Nós, a jura que fazemos,
Ninguém nos fara quebrar.

VIII

Vamos, a esses traidores
Que a tua lei desprezaram,
Que a lei do povo calcaram,
Vamos, Senhor, castigar.
Este santo juramento
Não no-lo deixes quebrar.

XIX

Confunda-os, Senhor, tua ira,
Desarme-os teu braço eterno;
Manda a confusão do inferno
Suas hostes baralhar:
Que nós juramos —e a jura
Ninguém nos fara quebrar.

X

Juramos livrar a pátria,
A pátria libertaremos;
E, no trono que lhe erguemos,
A Rainha há de reinar.
Juramos, sim; e esta jura
Ninguém nos fara quebrar.