Capítulo IX

No mesmo dia, um deputado chegado do Minho entregou a Afonso uma
carta de sua mãe, incluindo outra de Mafalda. A senhora de Ruivães felicitava
o filho por saber que ele procurava os passatempos da capital, admoestando-o
a que procedesse honradamente no gozo dos prazeres, para que eles se não
derrancassem em flagelos da consciência e infâmia. Mafalda, em poucas
linhas, pedia-lhe que se não esquecesse dela e fosse fiel à promessa de estimála como irmã.
O deputado bracarense era sujeito que sabia as coisas para as dizer e saltava a
quatro pés por cima disto que chamam delicadeza em assuntos de coração.
Pelo que o expansivo deputado falou assim a Afonso:
— Ainda me lembro de V. Exa, quando rapazola estudava Retórica em
Braga. Está certo de ser agarrado pelo regedor quando foi às Ursulinas atacar
as freiras? Pois fui eu quem, a pedido de sua mãe, lhe vali no processo instaurado.
— Não sabia atalhou Afonso. Aproveito a oportunidade para agradecer a V. Exa...
— Não tem de quê. Mas com efeito — disse o deputado, a rir de esperto
olhe V. Exa o que fazem mulheres... ou mulherinhas... porque afinal a
morgadinha da Fervença acanalhou-se até ir casar com um bruto de Tibães...
Soube isto V. Exa?
— Perfeitamente. Era impossível que eu o não soubesse... respondeu
atentamente Afonso.
— Eu conheço Eleutério Romão dos Santos continuou o informador. —
O homem torce as grandes orelhas que tem, porque ela tem-lhe feito dar a
água pela barbela. V. Ex. há de saber isto...
— Não sei senão que Teodora é mulher de Eleutério.
— Então eu Lhe conto. A rapariga tem fígados e ninguém o dirá vendo
aquela lesma, que parece feita de manjar branco. Assim que entrou em casa, e
se viu com o sogro Romão e com a sogra Eleutéria, deu ao diabo a cardada,
pôs-se nas suas tamancas, e mobilou as suas salas e os seus quartos à
moderna. O Eleutério quis reguingar-lhe; mas ela, às primeiras testilhas, falou
em divórcio, ou coisa pior ainda, que era, pelos modos, fugir de casa, e
procurar V. Exa. O marido pôs as mãos na cabeça quando ouviu falar em
divórcio. A fortuna ali é quase toda de Teodora. Se ela se levantasse com o
seu casal, o velhaco do tio, que preparou semelhante desgraça de casamento,
dava um estouro. Começaram a fazer-lhe todas as vontades à jovem. Para que
lhe há de ela dar? Imagine V. Exa para que lhe deu na veneta?
— Eu sei cá... disse anelante de curiosidade Afonso.
— Fez-se doutora!... Mandou comprar dois carros de livros ao Porto;
fechou-se no seu escritório, que parecia uma livraria de convento, e começou
a ler de noite e de dia. Lá de dia passe; mas de noite, dava isso que pensar a
Eleutério, casado à face da Igreja e dono da mulher pelos seus justos cabais.
Passado tempo, deu-lhe outra mania; fez-se cavaleira, e rompia a galope pelo
campo de Sant''Ana em Braga, a levantar poeira que parecia um esquadrão de
cavalaria! Não parou ainda aqui o desarranjo daquela cabeça! Tomou lacaio,
deu-lhe libré avivada de vermelho, e andava por essas estradas do Minho com
o lacaio em correrias de doida. Uma hora viram-na em Landim, outra em
Santo Tirso, depois em Leça da Palmeira... Que novidades lhe estou
contando!... concluiu sorrindo o narrador.
— E do procedimento dela que se dizia? atalhou Afonso, vivamente
empenhado nas revelações do chaníssimo legislador.
— Do procedimento dela a que respeito? — perguntou o deputado, com
suspeitoso sorriso.
— Amantes, quero dizer se a opinião pública lhe dava amantes.
— Eu digo-lhe: quando V. Exa estava em Leça com sua mãe, e a morgada
lá foi com o marido, alguém disse que o marido era um simplório. Ora isto
parece-me que alguma coisa queria dizer...
O deputado espirrou uma risada de finura velhaca e juntou:
— Depois, quando V. Exa esteve em Ruivães uma temporada, e Teodora
saia para aqueles lados, já todo o bicho-careta dizia que o adultério estava
provado por todos os artigos do código e por mais alguns que esqueceram aos
corpos legisladoresAqui deu o representante de Braga uma segunda risada,
expressiva de agudeza muito mais faceta. Afonso sorriu-se e deixou-o esvaziar
a pojadura da verbosidade chula.
— Não se fala por lá demais ninguém que eu saiba-tornou o deputado. —
Mas o marido!, aquele palerma, que não lhe vai à mão, e a deixa andar em
filistrias de cavalo e lacaio, faz-me pena, sinceramente lho digo, porque houve
alguém que me afirmou que a mulher, quando está fechada na livraria, não o
admite à sua presença, e até me disseram que ela passa toda a noite a consultar
os seus livros! Logo: aquele marido está numa posição critica,
matrimonialmente falando. Parece-lhe isso, Sr. Afonso?
Aqui expediu o sujeito terceira risada, que tinha ideia oculta a meu ver,
inconciliável com o comedimento desejável numa pessoa grave... para além do
mais deputado a cortes!
— Como está ela? perguntou Afonso. Ainda é bonita?
— Agora é que ela está completa. Encheu muito de ombros, e tudo à
proporção. Está muito alta, e esbelta, que parece uma inglesa. E o garbo com
que ela sacode um cavalo... V. Exa está a mangar comigo? — perguntou de
súbito o deputado, após um instante de reflexivo silêncio.
— Se estou a mangar com V. Exa?! Que pergunta!
— Sim! pois o Sr. Afonso vem-me perguntar a mim se ela está bonita?!
Quem sabe melhor que V. Exa como ela está?!... Ora, meu amigo, vá contar
essas histórias aos da Lourinhã. Cá para mim vem barrado!
— Dou-lhe palavra de honra redarguiu Afonso que a minha pergunta foi
sincera. Eu vi Teodora; mas tão de relance que não pude reparar-lhe nas feições.
— A sua palavra de honra tem para mim o peso de um Evangelho disse
gravemente o cavalheiro de Braga. Pois, senhor, o mundo está enganado. A
voz geral dá V. Exa como amante de Teodora. Eu não me atrevia a dizer-lho
tanto às escáncaras; porém, chegadas as coisas a este ponto, fique sabendo que
ninguém acredita na sua inocência, exceto o Eleutério, que é muito bom homem.
E escusado dizer que o indivíduo riu de novo, esfregou as mãos e exclamou
abruptamente aguilhoado pelo instinto oratório:
— Ainda há quem case! Ainda há vítimas que espontaneamente se
ofereçam no altar das mulheres! Chegamos a um tempo em que ninguém
pode sinceramente dizer que conhece seu pai. Os assentos dos batismos estão
todos falsificados. Os mandamentos da lei de Deus, o nono sobre todos, vai
ser tirado do catecismo. Vem aí um tempo em que o artigo da lei santa há de
ser assim reformado: «Não desejarás a tua mulher para não incomodar os
direitos do próximo!» Onde irá isto assim parar, Sr. Afonso de Teive?
O deputado, entre sério e risonho, prolongou por três quartos de hora, em
estilo declamativo, um aranzel de lugares-comuns, entreamado de pilhérias,
com referência à degeneração da sociedade, no capítulo casamento. Afonso
achava picante de grosso sal a iracúndia cómica do legislador, e estimulava-lhe
a veia. Afinal o deputado, contente de si, foi para S. Bento, mais que muito
persuadido de ser ele o predestinado para levantar voz no Parlamento
decretando a moralização das famílias.
Afonso ficou pensativo. As revelações lisonjeavam-no. O odioso do carácter
de Teodora desvaneceu-lhe a impressão já majestosa, já condolente, do viver
da morgada. «Uma sublime desgraçada!», dizia ele consigo. «Uma sublime
desgraçada, que, ligada a mim, seria a mais sublime das criaturas!»
E trabalhado por esta ideia, que pertinazmente lhe martelou no ânimo,
Afonso de Teive arrependeu-se de ter queimado a carta recebida na manhã
daquele dia. Queria relê-la, metê-la a beijos na retentiva do coração!
À noite foi ao teatro, e entreteve-se largo tempo com D. José de Noronha.
Versou a prática sobre o aceitar benignamente os acometimentos de Teodora.
D. José mostrava-se já enfastiado da imbecilidade moral do seu amigo, e,
portanto, lhe pedia que de todo em todo esquecesse a mulher, se portasse
como rapaz de cena ordem; ou obedecesse ao coração, aceitando a felicidade
das mãos fosse de quem fosse.
Nesta mesma noite, o rapaz, vencido afinal pela irresistível necessidade de ser
semelhante a todos os homens, escreveu uma estirada carta. Principiava nas
recordações da infância de ambos: devia de ser alta e amorável poesia, como o
coração a trasborda, se de um ponto negro da vida os olhos rompem as
trevas, e vão lá ao longe remergulhar-se no pélago da luz, que mais não há de
raiar em nossos dias. Tristeza mais que todas magoativa!
Depois, memorava os dias de amor, desabrochado já o seio em plena
florescência, com os seus desejos balbuciados em frases todas alma e enleio,
dulcíssima linguagem, que era ainda a das quimeras pueris, mal desvanecidas
no trajeto da infância à adolescência. Poesia ainda, flor sempre lustrosa e
verdejante, porque a sua tige está continuo a medrar em lágrimas, de onde
paixão nenhuma hedionda dos vindouros tempos lhe há de extirpar a raiz.
Seguia-se o recordar as dores atrozes do abandono dela, quando o rapaz, em
Lisboa e Ruivães, duas vezes se atirara aos braços da morte, aceitando o
Inferno, se o lembrar-se o condenado da mulher que amou na Terra não era já
o máximo tormento.
Afinal, após os queixumes, subiu-lhe do coração aos olhos numa lágrima o
perdão. Perdão e amor: que não há aí, em alma humana, perdoar ingratidões
sem beijar a mão que nos alanceou. Esquecer, sim; mas esquecer é desprezo,
não é perdão.
Escrita e fechada a carta, sobresteve Afonso no remetê-la. Acaso iria ela, sem
desvio, às mãos de Teodora? As injustas suspeitas não poderiam ter Eleutério
de sobreaviso? E, demais, reatadas as ligações de estima, iria Afonso, contra a
vontade de sua mãe, para casa, e sustentaria ali o cortejo à mulher casada?
Estes quesitos falavam à razão; porém, a pobrezinha da razão estava já
escondida na consciência, e a consciência ensurdecera com a guizalhada do
baile carnavalesco em que seu dono a mandara estudar os costumes do seu tempo.
Foi a carta com direção a Braga. Era dia de feira quando ela chegou ao
correio: estava ali o marido de Teodora vendendo cereais. Foi à lista postal ver
se seu pai tinha carta de parentes do Brasil; e, como não se entendia bem com
os nomes maiores de três sílabas, pediu que lhe lessem a lista inteira. Quando
o obsequioso leitor chegou a Teodora Palmira Vilar de Sonsa, exclamou Eleutério:
É a minha mulher! Há de ser cana do livreiro.
Convém saber que a morgada se entendia diretamente com os seus livreiros fornecedores.
Eleutério foi tirar a cana, e deu-lhe nos olhos, afora o lustre do sobrescrito, O
lacre azul fechado com armas e, mais que tudo, a marca de Lisboa.
Não me atrevo a compor o solilóquio de Eleutério Romão. Sei que ele andava
com a carta às voltas, entre mãos, e às vezes esfregava entre dois dedos o
papel, como se pelo tato pudesse inferir do conteúdo. Estava com ele o
regedor da sua freguesia, o mesmo que lera a lista, e lhe lia na alma agora.
— Que estás a malucar, Eleutério? disse ele. A modo que esta cana te deu no goto!...
— A falar a verdade respondeu o marido de Teodora — , esta letra não na
conheço, nem estas armas reais!... Minha mulher não conhece ninguém em
Lisboa, e estas letras, compadre, parece que rezam Lisboa.
— E como diz: Lisboa sem tirar nem pôr. E então?... achas que ela...
— Estão-me a dar guinadas de abrir isto!... Que dizes tu, compadre?
— Eu cá, se fosse comigo, já a cana estava aberta. Mulher minha a ter
canas, sem eu saber de quem!...Deus me defenda!
Palavras mal eram ditas, que Eleutério quebrou o lacre, e passou a carta ao
regedor, dizendo:
— Lê lá... ela é tamanha!, parece uma sentença!... Vamos ver isso, que eu já
me não sinto escorreito.
O regedor tomou o manuscrito de oito páginas entre as mãos, pôs-se em
atitude abrindo as pernas em circunflexo, tossiu, tomou fôlego, deu crena de
saliva aos beiços, e leu engasgadamente: «De onde vem esta celestial
harmonia, que a minha alma ouviu, quando o Céu me bafejava a infância, e as
delícias todas da existência me eram pronunciadas nos sonhos?... »
O regedor revirou os olhos pasmados a Eleutério e disse:
— Tu percebes isto, compadre?
— Assim me Deus salve, que não percebi palavra-respondeu Eleutério
Romão esbugalhando os olhos sobre a escrita cabalística.
— Português acho que é! disse o regedor, consultando a opinião do compadre.
— Isso é, lá português é... Ora torna a dizer.
O leitor repetiu e disse.
— Fala aqui em alma, e sonhos, e delicias. Sabes que mais? Isto, seja lá o
que for, não me cheira bem!... Aqui, Deus me perdoe, há maroteira daquela
casta!... Deixa-me ver mais um bocado a ver se pesco alguma coisa.
E continuando, leu:
«Sonhos de anjo, iluminados pela imagem lúcida da filha da minha alma!,
voltai, voltai, orvalhai a flor requeimada, dai uma lufada de Primavera ao meu
coração regelado pelos frios desta infinda noite... Oh, minhas donairosíssimas
quimeras!...»
— E agora entendeste? — voltou o regedor. Eu estou como a Felícia de
Abrantes, pior que dantes. Isto, se não é latim, é o diabo por ele!
— Queres tu que se pergunte a alguém?! acudiu Eleutério. — A gente há
de achar quem lhe explique isto cá em Braga... Fala-se aí a um padre que eu
conheço, ao capelão das Ursulinas.
— Dizes bem... Tu não hás de ir para casa sem tirar isto a limpo... Queres
tu ver que aí vem o homem que nos explica o negócio? — perguntou o
magistrado administrativo. E meu compadre Fernão de Fonte Boa.
Era Fernão de Teive, conhecido por de Fonte Boa por ser lá o seu morgadio.
Com o velho fidalgo vinha Mafalda, apoiada no braço dele com doentio aspeto.
O regedor descobriu de longe a cabeça e saiu ao encontro de Fernão, que o
recebeu com o agrado dos antigos fidalgos.
— Que é feito de ti, compadre, que te não vejo há cem anos? disse o
velho. Desde que te fizeram regedor, acho que não pensas senão em fabricar
deputados e comer os salpicões dos recrutas passados pela malha! Anda lá,
meu homem, que em tempos melhores havias de ganhar o posto de capitão-mor,
que jeito para comer os saudosos lombos tens tu. Então que é feito,
rapaz!, quem é aqueloutro? Se me não engano, é o Eleutério do Romão.
— Para servir a V. Exa disse Eleutério com três mesuras de cabeça
exageradas. Sou eu para servir a V. Exa.
Fernão inclinou um olhar irónico sobre o ombro da filha e disse com um tal
represo frouxo de riso:
— Aqui tens o marido da morgadinha da Fervença.
Mafalda escassamente lançou um olhar ao sujeito e baixou os olhos com um
gesto de notável comoção.
E o regedor, tirando a carta da algibeira, disse:
— Eu queria consultar o meu Exmo. Compadre a troco de uma carta que
nem eu nem meu compadre Eleutério entendemos. Agente, como o outro que
diz, o que sabe é de lavoura, e mal assina o seu nome. O caso é este: aqui o
compadre achou no correio esta carta prá mulher. Teve lá seus arrepios, e
abriu-a. Começamos a ler, mas nem pra trás nem pra diante. As palavras
parecem portuguesas, acho eu; mas nós não sabemos o que elas rezam. Se o
Sr. Compadre fizesse o favor de ler isto...
Fernão de Teive ia a tomar a carta já aberta da mão do regedor, quando sentiu
extraordinário peso no braço esquerdo, olhou em sobressalto e viu Mafalda a
desmaiar, com o rosto banhado de suor. Chamou-o ela, expedindo uns agudos
soluços, quis em vão pendurar-se do pescoço do pai. Tomou-a o velho nos
braços com tremente ansiedade e transportou-a para dentro de uma loja,
pedindo a brados um facultativo.
O regedor e Eleutério seguiram Fernão, aflitos do sucesso. Na mão do
regedor estava ainda a carta. O velho, sem atinar com o motivo do acidente,
olhou maquinalmente para o papel e teve um repelão intuitivo, sem ainda o
compreender.
Tirou com desabrimento a carta da mão do compadre, examinou-a pela
luneta, leu as primeiras linhas, desviou os olhos, meditou, lançou de arremesso
o papel ao chão e disse:
— Deixem-me... não sei o que é... Vão embora...
Os homens iam a sair, quando ele os chamou com frenesi, pediu a carta e
desfê-la em pedacinhos, exclamando:
— Isto não é nada, nada vale, podem ir com Deus.
Eleutério estava assombrado, e o compadre abria e fechava a boca em sinal do
seu espanto e compaixão. Em boa-fé, o regedor acreditou atacado de
demência o velho, ao ver a filha em transes de morte. Afastaram-se em
consultas, dando cada qual a sua razão do caso, bem que Eleutério ia
mediocremente satisfeito da rasgadura da carta.
Quando recobrou o alento, Mafalda levou as mãos ao rosto do pai e
murmurou muito carinhosa:
— Perdoe-me, por quem é! Perdoe esta fraqueza da sua infeliz filha!
— Pobre anjo! balbuciou o velho. Que hás de tu fazer-lhe? Deus mandoute aquele
desengano... Recebe-o tu, reportada e humilde, de suas divinas mãos.
Precisavas disto, para enfim te convenceres.
Mafalda pediu ao pai que a levasse ao primeiro templo aberto. Ajoelhou ao
altar do Senhor dos Aflitos, chorou, e viu as lágrimas do velho ajoelhado à
beira dela. Ergueu-se com pacifico semblante e disse:
— Estou melhor, meu pai. Deus não falta aos infelizes sem culpa, nem
mesmo aos culpados... Também orei pelo primo Afonso.
Eu não orei disse o pai — , mas rasguei o documento da sua infâmia.