XXI. Canção da Donzela Finlandesa
Oh! se o meu Bem me volver,
Se quem dantes via, eu vejo
Traga ele a boca a escorrer
De lobo em sangue, lha beijo;
E a mão vou-lha apertar,
Cobras lha andem a enroscar.
Ah! se o vento alma tivera,
Língua o ar da primavera,
Fora a sua voz bastante:
Novas levara e trouxera
Entre um e outro amante.
Desprezo finos guisados,
Deixo ao cura os assados;
Só quero amar, ser constante
A quem o verão me deu
E o inverno afez a ser meu.[15]
[15] O original é fenício ou finlandês.
Esta pequena Runa, canção em metro rúnico, é considerada no Norte como um desses raros exemplares da literatura primitiva dos povos, que a caracterizam.
Como tal tem sido traduzida em muitas línguas com o auxílio das versões literais, que para isso se publicaram em Estocolmo.
Por este modo se fez a portuguesa: e creio ser a primeira que aparece nas línguas do Sul. Dou com ela as versões todas, poéticas e literais, que me chegaram à mão. Muito aproveitaria ao estudo das línguas e literaturas da Europa se os nossos literatos se dessem com o mesmo empenho ao estudo das runas e sagas do Norte com que ali se dão ao das nossas xácaras e solaus.